Resgate Historico Da Música/ Origem E Elementos
Por: SANDRA VAZ DE LIMASegundo Lima (2005) a música é frequentemente mencionada na Bíblia, pois cantar era parte integrante da cultura hebraica.
O novo dicionário bíblico e alguns comentaristas consideram que a música foi “inventada” por “Jubal filho de Lamec”, baseando-se em Gênesis (4.21), onde está escrito que Jubal era o “pai de todos que tocavam harpa e flauta”. Porém segundo o autor Lima (2005) a música foi inventada por Deus, mas Jubal foi o primeiro citado na Bíblia como músico.
O livro de Salmos é um hinário que exorta a cantar ao Senhor, percebemos isso no Salmo 149:
Louvai ao Senhor, cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor na congregação dos santos.
Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei.
Louvem o seu novo com flauta, cantem-lhe o seu louvor com adufe e harpa.
Porque o Senhor se agrada do seu povo, ele adornará os mansos com a salvação.
Exultem, os santos na glória, cantem de alegria nos seus leitos.
Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois fios nas suas mãos.
Para tomarem vinganças das nações, e darem repreensões aos povos.
Para prenderem os seus reis com cadeias, e aos seus nobres com grilhões de ferros.
Para fazerem neles o juízo escrito; esta honra tela-ão todos os santos. Louvai ao Senhor (ALMEIDA, 1990, p.612-613)
Davi talvez é o músico mais conhecido da Bíblia. Enquanto pastoreava as ovelhas de seu pai compunha belos salmos ao Senhor. Ele encarregou o ministério de louvor às pessoas que sabiam o que estavam fazendo; conhecedoras e preparadas para a música.
Há a necessidade de compreender a distinção Bíblica entre a música secular usada para o entretenimento e a música sacra apropriada para a adoração a Deus.
Tendo em vista a quantidade de versículos que mensiona a música, os cânticos, o louvor, a adoração, o regozijo (cantar com gozo) e os instrumentos de música, entende-se que a música é algo muito importante para Deus.
A história mitológica da música, no mundo ocidental, começou com a morte dos Titãs.
Conta-se que depois da vitória dos deuses do Olímpio sobre os seis filhos de Urano (Oceano, Ceos, Crio, Hiperião, Jápeto e Crono), mais conhecidos como os Titãs, foi solicitado a Zeus que se criasse divindades capazes de cantar as vitórias dos Olímpicos, Zeus então partilhou o leito com Mnemosina, a deusa da memória, durante nove noite consecutivas e, no devido tempo, nasceram as noves Musas.
Entre as noves Musas estavam Euterpe (a Música) e Aede, ou Arche (o Canto). As nove Deusas gostavam de freqüentar o monte Parnaso, na Fócida , onde faziam parte do cortejo de Apolo, deus da música.
Há também, na mitologia, outros deuses ligados à história da música como Museo, filho de Eumolpo, que era tão grande musicista que quando tocava chegava a curar doenças; de Orfeu, filho da musa Calíope (musa da poesia lírica e considerada a mais alta dignidade das nove musas), que era cantor, músico e poeta; de Anfião, filho de Zeus, que após ganhar uma lira de Hermes, o mais ocupado de todos os deuses, passou a dedicar-se inteiramente à música.
Se estudarmos com cuidado a mitologia dos povos, perceberemos que todo o povo tem um deus ou algum tipo de representação mitológica ligada à música. Para os egípcios, por exemplo, a música teria sido inventada por Tot ou por Osíres; para os hindus, por Brama; para os judeus, por Jubal e assim por diante, o que prova que a música é algo intrínseco à história do ser humano sobre a terra e uma de suas manifestações mais antigas e importantes.
A história não-mitológica da música ou a origem mecânica, divide-se em duas partes: a primeira, na expressão de sentimentos através da voz humana; a segunda, no fenômeno natural de soar em conjunto de duas ou mais vozes; a primeira, seria a raiz da música vocal; a segunda, a raiz da música instrumental.
Na história não-mitológica da música são importantes os nomes de Pitágoras, inventor do monocórdio (instrumento musical de uma corda só) para determinar matematicamente as relações dos sons, e o de Lassus, o mestre de Píndaro, que, perto do ano 540 a.C. foi o primeiro pensador a escrever sobre a teoria da música.
Outro nome é o do chinês Lin-Len, que escreveu também um dos primeiros documentos a respeito de música, em 234 a.C., época do imperado chinês Haung-Ti. No tempo desse soberano, Lin-Len, que era um de seus ministros, estabeleceu a oitava em doze semitons, as quais chamou de doze lius. Esses dozes lius foram divididos em liu Yin, que correspondiam, entra outras coisas, aos doze meses do ano.
Origem Física e Elementos
A música, segundo a teoria musical, é formada de três elementos principais. São eles: O ritmo, a harmonia e a melodia. Entre esses três elementos podemos afirmar que o ritmo é a base e o fundamento de toda expressão musical.
Sem ritmo não há música. Acredita-se que os movimentos rítmicos do corpo humano tenham originado a música. O ritmo é de tal maneira mais importante que é o único elemento que pode existir independente dos outros dois: a harmonia e a melodia.
A harmonia, segundo elemento mais importante, é responsável pelo desenvolvimento da arte musical. Foi da harmonia de vozes humanas que surgiu a música instrumental.
A melodia, por sua vez, é a primeira e imediata expressão de capacidades musicais, por se desenvolve a partir da língua, da acentuação das palavras, e forma uma sucessão de notas características que, por vezes resulta num padrão rítmico e harmônico reconhecível.
A música é a capacidade que consiste em saber expressar sentimentos, através de sons artisticamente combinados ou a ciência que pertence aos domínios da acústica, modificando-se esteticamente de cultura para cultura.
A Música no Brasil
Segundo os estudos realizados para elaboração desse trabalho, podemos afirmar que o ensino na música no Brasil inicia-se com a vinda dos jesuítas. Chegando ao Brasil em 1549. A evangelização dos nativos exigiu dos esuítas uma atuação diferente da qual desenvolviam nos colégios europeus e entre os recursos utilizados, destaca-se a música em virtude da forte ligação dos indígenas com essa manifestação artística.
Os padres jesuítas apropriaram-se da música, trabalhando na catequese e na aculturação dos indígenas, para comunicar sua mensagem de fé, ao mesmo tempo em que buscavam uma aproximação com o ambiente nativo.
A importância atribuída à música na catequese fez com que ela integrasse o currículo das escolas de ler e escrever.
Apesar de não ser musico, Anchieta se interessava pela música, uma vez que seus autos (peças teatrais) eram cheios de cantos e incorporavam manifestações da cultura indígena.
Com a expulsão dos jesuítas surge a escola leiga (aula régia). Essas escolas apesar de incorporarem outras disciplinas, compatíveis com o momento histórico, preservam as marcas da tradição jesuítica; a música continua presente com forte conotação religiosa, muito ligada às características e formas européias, conotação que se faz presente em toda a produção musical no período colonial.
Ainda segundo os estudos realizados, no inicio da colonização brasileira, predominava o canto religioso e de apresentações, como: a Escola de Música do Padre José Maurício, onde preparava músicos para duas áreas principais da época: a igreja e o teatro. Percebe-se que ao longo do tempo o ensino de música foi encarado de formas diferentes, caracterizando os padrões de cada época e cultura de diversas etnias.
Através do decreto federal, em 1854, foi instituído o ensino da música na escola pública brasileira. Isso se dava através do ensino de noções de música e exercícios de campo.
Em 1910 após a Proclamação da República, o maestro João Gomes Junior, organizou o canto orfeônico em São Paulo, sendo o fundador dos orfeãos escolares e infantis, tendo à frete o compositor Heitor Villa Lobos (1887-1959). A partir dessa época predominou o canto orfeônico, que além de transmitir orientação musical, difundia ideais políticos da época, como no estado novo de Getúlio Vargas (1930-1945).
Mas, o projeto acima citado não foi o único da época. Houve tendências diversas, como por exemplo, da escola nova, onde o ensino era voltado para o desenvolvimento natural do aluno respeitando suas necessidades, aspirações, expressões e compreensão do mundo. A partir daí as aulas foram adquirindo um caráter mais expressivo e espontâneo onde a música na educação escolar, “pode ser sentida e toda dançada, além de cantada”. (Brasil Arte, 1998, p.25).
A Semana da Arte Moderna de São Paulo em 1922, foi outro fator importante que influenciou o ensino onde houve crescimento de movimentos culturais, anunciando a modernidade e a vanguarda.
Aproximadamente por 30 anos o Canto Orfeônico vigorou no Brasil sendo substituído pela Educação Musical, criada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Brasileira nº. 4024/61.
Na época da ditadura militar - 1964, procura-se uma aproximação entre manifestações artísticas fora e dentro do espaço escolar com os festivais de música, um dos meios de manifestação contra o regime.
A educação artística nos currículos escolares foi introduzida pela LEI nº. 5692/71 em seu artigo 7º, onde um único professor deveria trabalhar várias linguagens (Artes Plásticas, Educação Musical, Artes Cênicas), - ocorrendo uma diminuição qualitativa das especificidades, pois professores não possuíam o domínio de todas as linguagens.
Nos anos 80 com a abertura política surge o movimento Arte - Educação que possibilitou discussões sobre o aprimoramento profissional, aumentando assim a participação do professor nas reflexões, surgindo novas metodologias para o ensino.
Em 1988 começam a discutir a nova LDB (aprovada em 1996), onde ocorreram protestos por causa de um artigo que retiravam a obrigatoriedade da arte nos currículos, mas a mesma foi revogada e a arte hoje é considerada obrigatória na escola.
Assim, na LDB nº. 9394/96, quando aprovada em 20/12/1996,a música faz parte da Educação Infantil, ressalta as relações entre educação estética e educação artística. Uma das reivindicações atuais é de designar a área por Arte e não mais por Educação Artística e inseri-la na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados à cultura artística e não apenas como atividade, servindo de suporte para atender a vários propósitos, como: a formação de hábitos, atitudes e comportamentos, memorização de conteúdos traduzidos em canções, geralmente acompanhados por gestos corporais que são imitadas pelas crianças de forma mecânica.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais volume 6 - Arte, p. 75.
Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção. A diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros.
Composições, improvisações e interpretações são os produtos da música, utilização e criação de letras de canções, parlendas, raps, etc, como portadores da linguagem musical.
De acordo com o citado, a música está incluída na prática escolar com diferentes tendências e enfoques. Mas a prática da educação musical nunca esteve presente na totalidade dos sistemas de ensino por várias razões, como por exemplo, a falta de professores especializados ou a substituição da música por atividades consideradas mais “úteis” no currículo escolar.
Perfil do Autor
Nascida no município de Telêmaco Borba - Paraná. Graduada em Letras/ Inglês/Espanhol e Pedagogia. Especialista em Educação Especial e Psicopedagogia Clinica/ Institucional. Atua na área de Educação Especial na Rede Municipal e Estadual, e na Formação de Docentes.
(Artigonal SC #1863734)
Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/advertising-artigos/resgate-historico-da-musica-origem-e-elementos-1863734.htmlEDUCAÇAO MUSICAL NAS ESCOLAS.
´´A educação física desenvolve o físico enquanto a música desenvolve a mente, equilibra as emoções proporcionando paz de espírito, na qual o indivíduo pode melhor concentrar em qualquer campo de pesquisa e do pensamento filosófico.
Aulas de música na infância realmente desenvolvem o cérebro. Pesquisadores alemães descobriram que a área do cérebro utilizada para analisar tons musicais é em média 25% maior nos músicos. Quanto mais cedo começar o treino musical maior a área do cérebro desenvolvida. Depois de aprenderem as notas musicais e divisões rítmicas os estudantes de música tiveram notas 100% maiores que seus companheiros que tiveram aulas de frações pelos métodos tradicionais.
Lei Federal:
Sancionada no dia 18 de agosto de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei nº 11.769 passou a valer para o ensino fundamental e médio de todas as escolas brasileiras, que têm, a partir de então, três anos para adaptar seu currículo na área de artes. Essa lei altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina o aprendizado de arte, mas não especifica o conteúdo.
O ensino de música já fez parte dos currículos escolares, mas foi retirado na década de 1970. O projeto de lei para o retorno dessa disciplina foi proposto pela senadora Roseana Sarney e surgiu com a mobilização do Grupo de Articulação Parlamentar Pró-Música (GAP), formado por 86 entidades, como universidades, associações e cooperativas de músicos. O objetivo não é formar músicos profissionais, mas sim, reconhecer os benefícios que esse ensino pode trazer para o desenvolvimento e a sociabilidade das crianças.
Lula vetou o artigo que previa a formação específica de professores na área musical para ministrar a disciplina. A justificativa é que a música é uma prática social e, no Brasil, há diversos profissionais sem formação acadêmica específica ou oficial na área e que são reconhecidos nacionalmente``.
Como vimos,a musica é importantissima durante o aprendizado escolar.Alem de ajudar a criança no ambiente escolar,ela tambem age em muitas outras areas, como: psicomotora,cognitiva,afetiva..aumentando assim a auto-estima do individuo e contribuindo para a sua inclusao social.
Torçamos para que realmente esta lei entre com muito exito em nossas escolas,para que formemos nossas crianças com muito mais alegria e entusiasmo de aprender!
EXPRESSAO MUSICAL.
A música é única para os seres humanos e, como as outras artes, é tão básica como a linguagem para existência e o desenvolvimento humano. Através da música as crianças e jovens aprendem a conhecer-se a si próprias, aos outros e à vida. Para muitos, a música possui uma série de significados. Serve para descontrair, para expressar sentimentos.
A expressão musical no desenvolvimento da criança é de muita importância porque contribui com a sensibilidade, criatividade, imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, o respeito ao próximo, a socialização e afectividade, assim também com uma efectiva consciência corporal e de movimentaçao.
Segundo Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que as actividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio-afectivo da criança, da seguinte forma:
Desenvolvimento cognitivo/ linguístico: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar no seu dia a dia. Neste sentido, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será o seu desenvolvimento intelectual. Assim, as experiências rítmicas musicais que permitem uma participação activa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças.
Desenvolvimento psicomotor: as actividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aperfeiçoe a sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com agilidade. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda a expressão musical activa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reacção motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo ( e complexo) de actividades coordenadas.
Desenvolvimento Sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando a sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização desempenham um papel importante. Através do desenvolvimento da auto-estima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações. As actividades musicais colectivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Desta forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em actividades que lhe dêem prazer ela demonstra sentimentos, liberta emoções, desenvolve um sentimento de segurança e auto-realização.
Tendo em conta a área de intervenção do projecto Alternativas bem como os objectivos a que se propõe, torna-se importante senão mesmo imprescindível o envolvimento de crianças, adolescentes e jovens com a aprendizagem de disciplinas musicais. Isto, porque a música torna estes, pessoas mais interessadas em envolver-se em ocupações construtivas.
- Se a música é o alimento do Amor, vamos fazê-la - Shakespeare
A Importância Da Música No Desenvolvimento Infantil
Por: SANDRA VAZ DE LIMASnyders (1997, p. 104) afirma que:
A música não pinta o amor ou a aspiração de um dado individuo em dadas circunstâncias, ela pinta a própria paixão, o próprio amor, a própria aspiração. A música supera as particularidades que certamente distinguem, mas também estreitam. Transcendendo as variações acidentais, acessórias, ela nos faz viver uma generalidade, porém concreta, imediata; o que a generalidade do conceito ou da palavra não chega a realizar.
Através da música o ser humano consegue uma forma de expressar-se sentimentalmente, traz consigo a possibilidade de exteriorizar as alegrias, as tristezas e as emoções mais profundas, emergindo emoções e sentimentos que as palavras são muitas vezes incapazes de evocar. Além disso impulsiona a expressão corporal e faz com que o corpo vibre com a excitação que o abala.
Quanto à musicalização nas escolas, as opiniões foram diversificadas:
É um dos valiosos instrumentos que ajuda na aprendizagem, pois ela favorece ao aluno o ato de aprender.
É importantíssima, porém faz-se necessário ressaltar que deve ser direcionada, para não ser apenas uma aula de curtição.
A música é importante para trabalhar temas atuais, assim o aluno desperta o senso critico, analisando a letra da música. Relacionando-as com a realidade da sociedade.
É uma linguagem cujo o conhecimento se constrói e não um produto pronto e acabado. Então a musicalização na escola é essencial.
Traz alegria, descontração, entusiasmo, tudo o que precisa-se para o trabalho escolar.
Através da musicalização os alunos ampliam suas relações com o espaço natural ou construído, até mesmo se expressando a partir de seu esquema corporal, não percebendo que assim, estará transferindo os elementos expressivos encontrados nos estímulos sonoros das composições musicais.
Percebe-se que a musicalização para todos os envolvidos na pesquisa possui um valor significativo, quanto o processo de ensino e aprendizagem do alunado. Através da educação musical é possível despertar o interesse do aluno pela música, fazendo com que conheça a pluralidade da linguagem musical. Além disso a escola deve criar situações para que o aluno possa vivenciar, analisar e compreender a produção artística musical.
Todos os professores envolvidos na pesquisa afirmam que gostam de trabalhar a música em sala de aula, buscando alcançar os objetivos propostos. Segundo as respostas, a música:
Aumenta o interesse pela aprendizagem;
Facilita a assimilação;
Descontrai;
Desenvolve ritmos;
Torna a aprendizagem significativa;
Melhora a interação e a confiança em si mesmo;
Estimula o desenvolvimento corporal;
Amplia as experiências sensoriais, afetivas e intelectuais.
A música é um poderoso veículo para criar situações onde os alunos tornam-se sensíveis, adaptados, produtivos e felizes, por isso precisa-se arregaçar as mangas e trabalhar, buscando novas formas de ensinar, propiciando ao aluno a afirmação de sua identidade, domínio, controle, desenvolvimento da parte afetiva, cognitiva, motor e social.
Através da música o educador tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos, podendo explorar e desenvolver características no aluno. O individuo com a educação musical cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolve coordenação motora, acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção, e ainda criatividade e capacidade de comunicação.
O ensino da música deve ser considerado na educação escolar da mesma forma que outras áreas do conhecimento, como a Matemática, a Língua Portuguesa, a História, etc., a escola é uma instituição na qual pode desenvolver a musicalização, sendo instituído e adquirido.
A LDB vem dar essa garantia na medida em que torna o conhecimento artístico obrigatório no currículo do Ensino Fundamental. Isso requer um maior interesse por parte da escola e dos professores pelo ensino da música na escola.
Nas palavras de Saviani (2000):
A educação musical deverá ter um lugar próprio no currículo escolar. Além disso, porém, penso ser necessário considerar uma outra alternativa organizacional que envolve a escola como um todo e que, no texto preliminar que redigi para encaminhar para a discussão do projeto da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, traduzi através do enunciado do artigo 18 do anteprojeto, nos seguintes termos: os poderes públicos providenciarão para que as escolas progressivamente sejam convertidas em centros educacionais dotados de toda a infra-estrutura física, técnica e de serviços necessária ao desenvolvimento de todas as etapas da educação básica.(Revista Presença Pedagógica, 2004, p. 17)
Com isso percebe-se que a música não pode estar dissociada das práticas cotidianas dos alunos, uma vez que atividades musicais que envolvem o canto, a dança, o movimento e a improvisação já fazem parte do ambiente das crianças, no meio familiar ou fora dele.
O trabalho com a música deve ser desenvolvido nas escolas, dentro do planejamento, envolvendo os conteúdos de acordo com o nível de escolaridade do aluno. Com o intuito de fazer com que os alunos consigam captar com mais facilidade os objetivos a serem atingidos. Desta forma constata-se que a música é utilizada como meio incentivador na aprendizagem dos alunos, onde segundo as respostas:
Cantando, a gente brinca, brincando eles aprendem;
A música é riquíssima, quando se coloca a música certa para o conteúdo adequado, os dois geram uma aprendizagem para o aluno, pois é um meio gostoso;
Iniciar um projeto com música é importante, o cantar a música é um excelente treino à leitura;
Através da música as crianças, mesmo as mais tímidas, começam a expressar-se e participar da aula.
Pela música podemos tirar muitos talentos em sala de aula
Toda e qualquer música cantada na sala de aula deve buscar um espaço para evocar, pensar, criar meios próprios de expressão, para representar o movimento interior de compreensão de situações vivenciadas.
Ao criar um ambiente musical na escola, pode-se notar que o interesse das crianças aumenta e a participação flui de maneira mais livre e solta. Desta forma através da criatividade o professor pode tornar as aulas mais ricas e interessantes, através da música a sensibilidade e atenção dos alunos crescem, e desenvolve sua capacidade de concentração, raciocínio, memória, os benefícios da utilização da música na educação se estendem por todas as áreas de aprendizagem.
Os tipos de músicas mais utilizadas em sala de aula, de acordo com os questionários, são:
Cantigas de roda;
Músicas Popular Brasileira;
Músicas Religiosas;
Músicas diversificadas, escolhidas pelos alunos;
Poemas musicados de Vinicius de Moraes;
Músicas Gospel;
Músicas Clássicas;
Músicas Infantis.
Os estilos de músicas trabalhadas pelos professores são escolhidos de acordo com o interesse da maioria dos alunos, pois desta forma há maior participação e desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto faz-se necessário mostrar a importância de trabalhar vários estilos de músicas, mostrando as diferentes sensações que elas causam.
O professor deve manter-se atento aos interesses e às necessidades dos alunos, para que eles venham a ter prazer pelas atividades propostas. O educador pode, utilizando-se da música realizar um excelente trabalho e conseguir em suas aulas um ambiente tranqüilo e ao mesmo tempo ativo.
De acordo com Penna (apud Revista Presença Pedagógica, 2002, p. 41):
O mais importante é que o professor, consciente de seus objetivos e dos fundamentos de sua prática – onde a música deve ser encarada como uma produção e um meio educativo para a formação mais ampla do individuo – assuma os riscos – a dificuldade e a insegurança – de construir o seu caminho do dia-a-dia, em constante reavaliação.
As atividades pedagógicas propiciadas através da linguagem musical dizem respeito à relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. O modo de conceber o processo e o objeto dessa aprendizagem é que valoriza a ação pedagógica inserida na prática social concreta, tornando-a mediadora entre o individual e o social.
Professor e aluno devem buscar um consenso ao selecionar um repertório, ou mesmo um tema a ser abordado em sala de aula, o processo de ensino e aprendizagem envolve uma conscientização e disposição para esclarecer a real proposta da educação musical, estando em sintonia com as necessidades, as expectativas e a formação integral do aluno.
Percebe-se através das respostas que praticamente todos os alunos participam de aula musicada, até mesmo os mais tímidos, que aos poucos vão se soltando e demonstrando interesse pela música.
Para Tourinho, 1995 (Revista Presença Pedagógica, 2002, p. 45), trabalhar com a música de que o aluno gosta é uma forma de trazer motivação para o processo de ensino-aprendizagem.
Neste contexto nota-se que na prática educativa deve-se procurar, através dos conteúdos e métodos, respeitar os interesses dos alunos e da comunidade onde vivem e constroem suas experiências.
Os professores podem e devem trabalhar todo o tipo de música: “popular”, “clássica”, “massa”, “folclórica”, “consumo”, “vanguarda”, “religiosa”, entre outras, pois reforçam a pluralidade do universo musical.
Beineke (2001) afirma que:
A música ajuda a demarcar ‘territórios culturais’, identificando grupos e formas de vida. Trabalhando-se com adolescentes, por exemplo, pode-se observar a quantidade de rotulações que eles dão à música, como ‘música de criança’, ‘música de velho’, ‘música de amor’, ‘música de gay’, ‘música de igreja’, ‘música de dançar’, ‘música pra dormir’, entre tantas outras. Às vezes o professor não tem acesso às representações que a música tem para os alunos ou não questiona a forma como essas representações são construídas, o que pode envolver uma série de estereótipos que não são explicitados e discutidos criticamente.
Dessa forma entende-se que o professor deve procurar conhecer todos os tipos de músicas envolvidas no meio social dos alunos, bem como as representações utilizadas por eles, observando os objetivos da educação para a compreensão da cultura musical e buscando encontrar a idéia-chave que sirva para que os alunos estabeleçam correspondência com outros conhecimentos e com sua própria vida.
Perfil do Autor
Nascida no município de Telêmaco Borba - Paraná. Graduada em Letras/ Inglês/Espanhol e Pedagogia. Especialista em Educação Especial e Psicopedagogia Clinica/ Institucional. Atua na área de Educação Especial na Rede Municipal e Estadual, e na Formação de Docentes.
(Artigonal SC #1863813)
Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/a-importancia-da-musica-no-desenvolvimento-infantil-1863813.htmlA Interação Da Criança Por Meio Da Música
Por: SANDRA VAZ DE LIMAA partir do momento em que a socialização se inicia, os jogos coletivos tornam-se possíveis e vão ficando cada vez mais elaborados. A criança não apenas irá manejar o instrumento musical ao lado do colega mas junto com ele, escutando a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar, dialogando e expressando-se musicalmente. (JEANDOT, 1990, p. 64)
Através da ação sobre o meio físico e da interação com o ambiente social, onde a linguagem exerce papel central, processa-se o desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano.
Para Piaget (1976) a aprendizagem depende do nível de desenvolvimento já alcançado pela criança. Segundo ele, é o desenvolvimento que cria as condições para a aprendizagem, ou seja, é anterior à aprendizagem.
Dessa forma percebe-se que o ensino deve seguir o desenvolvimento, pois só é possível aprender quando há amadurecimento das funções cognitivas compatível com o nível de aprendizagem.
Assim, a construção do conhecimento é entendida como resultante de adaptações da criança com o meio, envolvendo dois mecanismos reguladores: a assimilação, através da qual a criança exercita os esquemas já construídos, entra em contato, recebe, interage com os dados novos; e a acomodação, pela qual ela se apropria desses dados, incorpora-os e também transforma seus esquemas iniciais de assimilação.
Cabe ao professor tentar explicitar este poder incontestável da música situando-o em relação aos efeitos das outras artes – nas quais os objetos são fixos, os espetáculos permanentes, onde as obras possuem uma existência objetiva, sólida, resistente (em pintura, ou melhor ainda, em arquitetura). Nesses casos são consideradas realidades exteriores ao individuo, e por isso é possível guardar uma “liberdade contemplativa em relação a elas. (SNYDERS, 1992, p. 79)
A construção do conhecimento apóia-se num sistema de ação que visa equilibrações sucessivas, onde a criança assimila, acomoda e alcança um novo equilíbrio que é sempre provisório; fica pronto para ser novamente desafiado, entrar em desequilíbrio, assimilar o novo e continuar o processo.
Para Vygotsky (1989), o desenvolvimento cognitivo mantém uma relação mais estreita com a aprendizagem. Para ele, o desenvolvimento das funções psíquicas da criança interage continuamente com a aprendizagem, ou seja, com a apropriação do conhecimento produzido pela humanidade e as relações que estabelece com o meio social.
Essa apropriação do saber produzido ocorre pela interação social com adultos ou companheiros, brinquedos, objetos, enfim o mundo que o rodeia em todas as situações de aprendizagem. Neste sentido citamos a utilização da música no desenvolvimento da aprendizagem, onde a criança faz a interação com o ritmo, a letra, etc., e com isso estabelece uma interação e consegue a partir daí, construir seu conhecimento.
Nessa visão, desenvolvimento e aprendizagem constituem uma unidade. Sendo inseparável do desenvolvimento, a aprendizagem quando significativa, estimula e desencadeia o avanço do desenvolvimento para um nível mais complexo que, por sua vez, serve de base para novas aprendizagens.
Segundo Oliveira:
Dada a importância que Vygotsky atribui à dimensão sócio-histórica do funcionamento psicológico e à interação social na construção do ser humano, o processo de aprendizagem é igualmente central em sua concepção sobre o homem. Ou seja, ao lado da postura genética que fundamenta seu interesse pelo desenvolvimento, que leva em conta a inserção do homem em um ambiente histórico e cultural, fundamenta a ênfase que dá à aprendizagem dentro de sua teoria. (OLIVEIRA, 2001, p. 55)
Na interação que o aluno estabelece com o professor, com outros alunos, com o conhecimento e com a música, é que ele vai compondo e ampliando seu repertório de significados. O aluno não é, pois, simples receptor de estímulos e informações, tem um papel ativo ao selecionar, assimilar, processar, interpretar, conferir significados, construindo seu próprio conhecimento.
Oliveira (2001) destaca que na construção dos processos psicológicos tipicamente humanos, é necessário postular relações interpessoais: a interação do sujeito com o mundo se dá pela mediação feita por outros sujeitos.
Na condução da aprendizagem em sala de aula, o professor está atento à importância da interação, assim como aos fatores que influem na aprendizagem e na capacidade de aprender, a motivação, o significado e a vivencia do que está sendo aprendido, a promoção da auto-estima do aluno e o retorno sobre o seu desempenho.
De acordo com Líbano (1994) o ensino é uma combinação adequada entre a condução do processo de ensino pelo professor e a assimilação ativa como atividade autônoma e independente do aluno.
Entende-se que este processo é uma atividade onde há mediação entre o ensino e a aprendizagem, porém não é mecânica e uma simples transmissão do professor que ensina para um aluno que aprende. Ao contrário, é uma relação recíproca na qual se destacam o papel dirigente do professor e atividade dos alunos.
Quando falamos de ensino e aprendizagem no âmbito escolar, estamos nos referindo a um processo diferente das formas como se ensina e aprende em casa, com a família ou amigos, no ambiente em que se vive, com brinquedos ou meios de comunicação. A escola tem uma maneira específica e intencional de organizar e propor situações para que ocorra a aprendizagem de determinados conteúdos culturais.
De acordo com Sabini:
Com o auxilio de outra pessoa o aprendiz pode fazer mais do que faria sozinho. O que hoje ele só consegue fazer com a cooperação dos outros, amanhã fará só. Sem a discussão e a dialética causadas por pontos de vista diferentes não haverá coordenação e transferência dos novos conceitos em diferentes situações.
(SABINI, 2004, p. 155)
Em cada um dos momentos do processo de ensino o professor está educando quando: estimula o desejo e o gosto pelo estudo, mostra a importância dos conhecimentos para a vida e para o trabalho, exige atenção e força de vontade para realizar as tarefas: cria situações estimulantes de pensar, analisar, relacionar aspectos da realidade estudada nas matérias: preocupa-se com a solidez dos conhecimentos e com o desenvolvimento do pensamento independente: propõe exercícios de consolidação do pensamento do aprendizado e da aplicação dos conhecimentos.
A realização consciente e competente das tarefas de ensino e aprendizagem torna-se, assim, fonte de convicções, princípios de ação, que vão regular as ações práticas dos alunos frente a situação postas pela realidade.
Nesta perspectiva, a tarefa da escola é a transformação do estado atual de desenvolvimento do educando. Ela deve conduzir ao patamar superior no processo de desenvolvimento. Vygotsky denomina zona de desenvolvimento proximal esse nível potencial de desenvolvimento que deve ser trabalhado pela escola. (SABINI, 2004, p. 158)
Para a autora para cada habilidade ensinada pela escola há um período em que a criança é mais receptiva àquele conteúdo, e a ação pedagógica será mais produtiva.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal, talvez o conceito especifico de Vygotsky mais divulgado e reconhecido como típico de seu pensamento, está estreitamente ligado à postulação de que o desenvolvimento deve ser olhado prospectivamente: marca como mais importantes, no percurso de desenvolvimento, exatamente aqueles processos que já estão embrionariamente presentes no indivíduo, mas ainda não se consolidaram. A zona de desenvolvimento proximal é, por excelência, o domínio psicológico da constante transformação. Em termos de atuação pedagógica, essa postulação traz consigo a idéia de que o papel explícito do professor de provocar a idéia nos alunos avanços que não ocorreriam espontaneamente consiste exatamente em uma interferência na zona de desenvolvimento proximal dos alunos. O único bom ensino, afirma Vygotsky, é aquele que se adianta ao desenvolvimento. (OLIVEIRA, 2001, p. 60)
Diante desta visão, as atividades trabalhadas com música desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os meios como quais fará grande parte dos seus contatos sociais.
Portanto, a educação musicalizada na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio. As atividades desenvolvidas com música, principalmente no grupo, favorecem a integração e a socialização das crianças com o grupo, portanto propicia o desenvolvimento tanto psíquico como motor.
O professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto. Ele deverá estabelecer com seus alunos uma relação de ajuda, atento para as atitudes de quem ajuda e para a percepção de quem é ajudado.
Segundo Jeandot (1990, p.63-64) aproximadamente em torno de:
2 anos, a criança é capaz de cantar versos soltos, fragmentos de canções, geralmente fora do tom. Reconhece algumas melodias e cantores. Gosta de movimentos rítmicos em rede, cadeira de balanço, etc.,
3 anos, a criança consegue reproduzir canções inteiras, embora geralmente fora do tom. Tem menos inibição para cantar em grupo. Reconhece várias melodias. Começa a fazer coincidir os tons simples de seu canto com as músicas ouvidas. Tenta tocar instrumentos musicais. Gosta de participar de grupos rítmicos: marcha, pula, caminha, corre, seguindo o compasso da musica;
4 anos, a criança progride no controle da voz. Participa com facilidade de jogos simples, cantados. Interessa-se muito em dramatizar as canções. Cria pequenas músicas durante a brincadeira;
5 anos, a criança entoa mais facilmente e consegue cantar melodias inteiras. Reconhece e gosta de um extenso repertório musical. Consegue sincronizar os movimentos da mão ou do pé com a música. Reproduz os tons simples de ré até dó superior. Consegue pular em um só pé e dançar conforme o ritmo da música. Percebe a diferença dos diversos timbres (vozes, objetos, instrumentos), dos sons graves e agudos, além da variação da intensidade 9forte e fraca);
6 anos, a criança percebe sons ascendentes e descendentes. Identifica as fórmulas rítmicas, os fraseados musicais, as variações de andamento e a duração dos valores sonoros. Adapta palavras sobre ritmos ou trecho musical já conhecido. Acompanha e repete uma seqüência rítmica;
7 anos, a criança expõe e defende suas idéias. Ouve em silencio, acompanhando a melodia e o ritmo da música. Canta acentuando a tônica das palavras. Bate as pulsações rítmicas com as mãos, enquanto o pé acentua o tempo mais forte. Distingue ritmos populares – baião, rock, samba, marcha, valsa - , expressando-se com o corpo, criando gestos livremente, segundo esse ritmo. Produz pequenas melodias (compostas de perguntas e respostas) segundo uma formula rítmica. Interpreta músicas com expressão e dinâmica.
8 anos, a criança é mais rápida e suas próprias reações e também compreende melhor as dos demais. Percebe e distingue com segurança os elementos rítmicos, criando frases rítmicas.
9 anos, a criança adquire maior domínio de si mesma. Gosta muiro de conversar. É capaz de distinguir os ele,mentos da música: melodia, ritmo, harmonia, percebe o fraseado musical. Lê, interpreta e responde a formulas rítmicas.
10 anos, a criança facilmente cria sonoplastias para histórias e trilhas sonoras para novelas. Canta a duas ou três vozes. Gosta de cantar, mas não canções pueris. Escuta discos com entusiasmo, principalmente de música mais tocadas na televisão e no rádio.
A partir de 11 anos, o entusiasmo é o traço mais característico. Facilmente a criança perde sua própria identidade em função do grupo. As tarefas coletivas a atraem. É a época de montar ópera, criar uma obra musical em conjunto. Os debates, no nível analítico aumentam.ouve com facilidade tanto a música popular quanto a clássica. Gosta muito de música americana.
Segundo a autora todas essas características variam de criança para criança, e seu desenvolvimento pode ser acelerado pela interferência do trabalho de musicalização realizado na escola.
Os movimentos, as expressões, os gestos corporais, bem como suas possibilidades de utilização (músicas, danças, jogos, esportes...), recebem um destaque especial em nosso desenvolvimento fisiológico e psicológico.
O ato de brincar é natural para a criança, porém o professor deve direcionar as atividades, não dando liberdade total e nem impondo, para que a aprendizagem aconteça de forma espontânea, pois todos os jogos e brincadeiras infantis preparam o terreno para um aprendizado posterior.
Com base neste contexto, percebemos a importância das atividades com música na educação, pois elas contribuem para o desenvolvimento global das crianças. Entretanto, as crianças passam por fases diferentes uma das outras e cada fase exige atividades propicias para cada determinada faixa etária.
Diante disso, percebe-se a importância do trabalho da musicalização no processo de ensino-aprendizagem, pois a mesma está intimamente ligada aos aspectos afetivos com a motricidade, com o simbólico e o cognitivo.
Perfil do Autor
Nascida no município de Telêmaco Borba - Paraná. Graduada em Letras/ Inglês/Espanhol e Pedagogia. Especialista em Educação Especial e Psicopedagogia Clinica/ Institucional. Atua na área de Educação Especial na Rede Municipal e Estadual, e na Formação de Docentes.
(Artigonal SC #1863775)
Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/educacao-artigos/a-interacao-da-crianca-por-meio-da-musica-1863775.htmlA IMPORTANCIA DA MUSICALIZAÇAO NA EDUCAÇAO INFANTL E NO ENSINO FUNDAMENTAL.
A MUSICA COMO MEIO DE DESENVOLVER A INTELIGENCIA E A INTEGRAÇAO DO SER.
Este artigo tem por objetivo apresentar a música e a musicalização como elementos contribuintes para o desenvolvimento da inteligência e a integração do ser. Explica como a musicalização pode contribuir com a aprendizagem, traz algumas sugestões de atividades e analisa o papel da música na educação. Remete também ‘a Inteligência Musical, apontada por Howard Gardner, como uma das múltiplas inteligências e à capacidade que a música tem de influenciar o homem física e mentalmente, podendo contribuir para a harmonia pessoal, facilitando a integração e a inclusão social.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo apresentar a música e a musicalização como elementos contribuintes para o desenvolvimento da inteligência e a integração do ser. Explica como a musicalização pode contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança. Apresenta algumas sugestões de atividades, baseadas na experiência com a prática da musicalização com crianças e fundamentadas em pesquisa bibliográfica.
O artigo fala ainda do papel da música na educação, não apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e também ampliando o conhecimento musical do aluno, afinal a música é um bem cultural e seu conhecimento não deve ser privilégio de poucos. Sugere que a escola deve oportunizar a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico.
Também aborda a questão da Inteligência Musical, apresentada por Howard Gardner (1995) na teoria das inteligências múltiplas, e apresenta alguns motivos pelos quais ela deva ser melhor considerada no currículo escolar. Por fim, indica a música como um elemento importante para estabelecer a harmonia pessoal, facilitando a integração, a inclusão social e o equilíbrio psicossomático.
2. O QUE É MÚSICA?
Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a ser utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do antigo Egito e na Suméria.
Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há indícios de que já havia orquestras naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antigüidade, ensinava como determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que a seqüência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura” (BRÉSCIA, p. 31, 2003).
Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um modo geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações. Houaiss apud Bréscia (2003, p. 25) conceitua a música como “[...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização etc”.
Já Gainza (1988, p.22) ressalta que: “A música e o som, enquanto energia, estimulam o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no ‘a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau”.
De acordo com Weigel (1988, p. 10) a música é composta basicamente por:
Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruído.
Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou curtos.
Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.
Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.
De acordo com Wilhems apud Gainza (1988, p. 36):
Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem.
2.1. O QUE É MUSICALIZAÇÃO ?
Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.
As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da seguinte forma:
Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmico musicais que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive.
Desenvolvimento psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita.
Desenvolvimento sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da auto-estima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização.
É importante salientar a importância de se desenvolver a escuta sensível e ativa nas crianças. Mársico (1982) comenta que nos dias atuais as possibilidades de desenvolvimento auditivo se tornam cada vez mais reduzidas, as principais causas são o predomínio dos estímulos visuais sobre os auditivos e o excesso de ruídos com que estamos habituados a conviver. Por isso, é fundamental fazer uso de atividades de musicalização que explorem o universo sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção, analisando, comparando os sons e buscando identificar as diferentes fontes sonoras. Isso irá desenvolver sua capacidade auditiva, exercitar a atenção, concentração e a capacidade de análise e seleção de sons.
As atividades de exploração sonora devem partir do ambiente familiar da criança, passando depois para ambientes diferentes. Por exemplo, o educador pode pedir para que as crianças fiquem em silêncio e observem os sons ao seu redor, depois elas podem descrever, desenhar ou imitar o que ouviram. Também podem fazer um passeio pelo pátio da escola para descobrir novos sons, ou aproveitar um passeio fora da escola e descobrir sons característicos de cada lugar.
O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças identifiquem cada um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos utilizados e pedir para que elas os identifiquem, ou descubram de que material é feito o objeto (metal, plástico, vidro, madeira) ou como o som foi produzido (agitado, esfregado, rasgado, jogado no chão). Assim como são de grande importância as atividades onde se busca localizar a fonte sonora e estabelecer a distância em que o som foi produzido (perto ou longe). Para isso o professor pode pedir para que as crianças fiquem de olhos fechados e indiquem de onde veio o som produzido por ele, ou ainda, o professor pode caminhar entre os alunos utilizando um instrumento ou outro objeto sonoro e as crianças vão acompanhando o movimento do som com as mãos.
Posteriormente o educador pode trabalhar os atributos do som:
Altura: agudo, médio, grave.
Intensidade: forte, fraco.
Duração: longo, curto.
Timbre: é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as vozes e os instrumentos.
Os atributos do som podem ser trabalhados por meio de comparação, diferenciando um som agudo de um grave, forte de um fraco, ou longo de um curto. Mas é mais interessante o uso de jogos musicais, como por exemplo, o Jogo do Grave e Agudo (baseado no Morto Vivo, só que usa um som agudo para ficar em pé e um grave para abaixar, o som pode ser produzido por um instrumento, por apitos com alturas diferentes ou pela voz). O jogo de Esconde-Esconde onde as crianças escolhem um objeto a ser escondido, e uma delas se retira da classe enquanto as outras escondem o objeto. A criança que saiu retorna para procurar o objeto e as outras devem ajudá-la a encontrar produzindo sons com maior intensidade quando estiver perto, e menor intensidade quando estiver longe. O som poderá ser produzido com a boca, palmas, ou da forma que acharem melhor. Essa brincadeira leva a criança a controlar a intensidade sonora e desenvolve a noção de espaço.
Para trabalhar a noção de duração o educador pode pedir para que as crianças desenhem o som. Não é desenhar a fonte sonora, mas sim descrever a impressão que o som causou, se foi demorado ou breve, ascendente ou descendente. Por fim, para se trabalhar o timbre o educador pode pedir para que uma criança fique de costas para a turma enquanto estes cantam uma canção, ao sinal do professor todos param de cantar e apenas uma criança continua, a que estava de costas deve adivinhar quem continuou. Estas são apenas sugestões, existem diversos outros jogos que podem ser realizados.
Através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado. Bréscia (2003) ressalta que os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às fases do desenvolvimento infantil:
Sensório-Motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o som e o gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar o que ouve ou canta. Favorecem o desenvolvimento da motricidade.
Simbólico (a partir dos dois anos): Aqui se busca representar o significado da música, o sentimento, a expressão. O som tem função de ilustração, de sonoplastia. Contribuem para o desenvolvimento da linguagem.
Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos) : São jogos que envolvem a estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de organização e disciplina.
A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança, dependendo de sua atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é preciso respeitar a forma de expressão de cada um, mesmo que venha a parecer repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança sinta-se livre para se expressar e criar.
2.2. O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO
Snyders (1992) comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente” (SNYDERS, 1992, p. 14).
Além de contribuir para deixar o ambiente escolar mais alegre, podendo ser usada para proporcionar uma atmosfera mais receptiva à chegada dos alunos, oferecendo um efeito calmante após períodos de atividade física e reduzindo a tensão em momentos de avaliação, a música também pode ser usada como um recurso no aprendizado de diversas disciplinas. O educador pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área, isso vai tornar a aula dinâmica, atrativa, e vai ajudar a recordar as informações. Mas, a música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural. A escola deve ampliar o conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. Conforme Mársico (1982, p.148) “[...] uma das tarefas primordiais da escola é assegurar a igualdade de chances, para que toda criança possa ter acesso à música e possa educar-se musicalmente, qualquer que seja o ambiente sócio-cultural de que provenha”.
As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. A esse respeito Katsch e Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças”.
Além disso, como já foi citado anteriormente, o trabalho com musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve, além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina. Conforme Barreto (2000, p.45):
Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento.
Gainza (1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos:
Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga;
Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro;
Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.
Para Bréscia (2003, p. 81) “[...] o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo”.
3. A INTELIGÊNCIA MUSICAL – CONTRIBUIÇÕES DE HOWARD GARDNER
A teoria das inteligências múltiplas sugere que existe um conjunto de habilidades, chamadas de inteligências, e que cada indivíduo as possui em grau e em combinações diferentes. Segundo Gardner (1995, p. 21): “Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”. São, a princípio, sete: inteligência musical, corporal-cinestésica, lógico-matemática, lingüística, espacial, interpessoal e intrapessoal. A inteligência musical é caracterizada pela habilidade para reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar ou tocar um instrumento musical.
Gardner (1995) destaca ainda que as inteligências são parte da herança genética humana, todas se manifestam em algum grau em todas as crianças, independente da educação ou apoio cultural. Assim, todo ser humano possui certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências, mas, mesmo que um indivíduo possua grande potencial biológico para determinada habilidade, ele precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Sendo assim, a escola deve respeitar as habilidades de cada um, e também propiciar o contato com atividades que trabalhem as outras inteligências, mesmo porque, segundo o autor, todas as atividades que realizamos utilizam mais do que uma inteligência.
Ao considerar as diferentes habilidades, a escola está dando oportunidade para que o aluno se destaque em pelo menos uma delas, ao contrário do que acontece quando se privilegiam apenas as capacidades lógico-matemática e lingüística. Além disso, na avaliação é preciso considerar a forma de expressão em que a criança melhor se adapte.
Campbell; Campbell; Dickinson (2000, p.147) ao comentarem sobre a inteligência musical, resumem os motivos pelos quais ela deve ser valorizada na escola:
- Conhecer música é importante.
- A música transmite nossa herança cultural. É tão importante conhecer Beethoven e Louis Armstrong quanto conhecer Newton e Einstein.
- A música é uma aptidão inerente a todas as pessoas e merece ser desenvolvida.
- A música é criativa e auto-expressiva, permitindo a expressão de nossos pensamentos e sentimentos mais nobres.
- A música ensina os alunos sobre seus relacionamentos com os outros, tanto em sua própria cultura quanto em culturas estrangeiras.
- A música oferece aos alunos rotas de sucesso que eles podem não encontrar em parte alguma do currículo.
- A música melhora a aprendizagem de todas as matérias.
- A música ajuda os alunos a aprenderem que nem tudo na vida é quantificável.
- A música exalta o espírito humano.
4. A MÚSICA COMO MEIO DE INTEGRAÇÃO DO SER
Há muito vem se estudando a relação entre música e saúde, conforme Bréscia (2003, p. 41): “A investigação científica dos aspectos e processos psicológicos ligados à música é tão antiga quanto as origens da psicologia como ciência”. A autora cita ainda os benefícios do uso da música em diversos ambientes como hospitais, empresas e escolas.
Em alguns hospitais a música tem sido utilizada antes, durante e após cirurgias, os resultados vão desde pressão sangüínea e pulso mais baixos, menos ansiedade, sinais vitais e estado emocional mais estáveis, até menor necessidade de anestésico. A Faculdade de Medicina do Centro de Ciências Médicas e Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo realizou uma pesquisa que avalia os efeitos da música em pacientes com câncer. A pesquisa revela que a musicoterapia pode contribuir para a diminuição dos sintomas de pacientes que fazem tratamento quimioterápico.
Em empresas o meio mais procurado para se fazer música é o canto coral, pois esta é uma atividade que permite a integração e exige cooperação entre seus membros, além de proporcionar relaxamento e descontração. Na opinião de Faustini apud Bréscia (2003, p.61):
A necessidade social do homem de ser aceito por uma organização e de pertencer a um determinado grupo para o qual contribua com seu tempo e talento, é amplamente satisfeita pela participação num grupo coral. Além disso, este grupo lhe dará grande satisfação e prazer em suas realizações artísticas, beneficentes, religiosas, e desenvolverá nele orgulho sadio, por estar sua pessoa relacionada a um excelente grupo.
Cantar é uma atividade que exige controle e uso total da respiração, proporcionando relaxamento e energização. Fregtman apud Gregori (1997 p. 89) comenta que: “O canto desenvolve a respiração, aumenta a proporção de oxigênio que rega o cérebro e, portanto, modifica a consciência do emissor”. A prática do relaxamento traz muitos benefícios, contribuindo para a saúde física e mental. De acordo com Barreto e Silva (2004, p. 64): “O relaxamento propicia o controle da mente e o uso da imaginação, dá descanso, ensina a eliminar as tensões e leva à expansão da nossa mente”.
Assim como as atividades de musicalização a prática do canto também traz benefícios para a aprendizagem, por isso deveria ser mais explorada na escola. Bréscia (2003) afirma que cantar pode ser um excelente companheiro de aprendizagem, contribui com a socialização, na aprendizagem de conceitos e descoberta do mundo. Tanto no ensino das matérias quanto nos recreios cantar pode ser um veículo de compreensão, memorização ou expressão das emoções. Além disso, o canto também pode ser utilizado como instrumento para pessoas aprenderem a lidar com a agressividade.
O relaxamento propiciado pela atividade de cantar também contribui com a aprendizagem. Barreto (2000, p. 109) observa que: “O relaxamento depende da concentração e por isso só já possui um grande alcance na educação de crianças dispersivas, na reeducação de crianças ditas hiperativas e na terapia de pessoas ansiosas ”. Comenta ainda que crianças com problemas de adaptação geralmente apresentam respiração curta e pela boca, o que dificulta a atenção concentrada, já que esta depende do controle respiratório.
As atividades relacionadas à música também servem de estímulo para crianças com dificuldades de aprendizagem e contribuem para a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. As atividades de musicalização, por exemplo, servem como estímulo a realização e o controle de movimentos específicos, contribuem na organização do pensamento, e as atividades em grupo favorecem a cooperação e a comunicação. Além disso, a criança fica envolvida numa atividade cujo objetivo é ela mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de rendimento, sua forma de expressão é respeitada, sua ação é valorizada, e através do sentimento de realização ela desenvolve a auto-estima. Sadie apud Bréscia ( 2003, p.50) afirma que:
crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala.
Já que a música comprovadamente pode trazer tantos benefícios para a saúde física e mental porque a escola não a utiliza mais? Incluí-la no cotidiano escolar certamente trará benefícios tanto pra professores quanto para alunos. Os educadores encontram nela mais um recurso, e os alunos se sentirão motivados, se desenvolvendo de forma lúdica e prazerosa. Como já foi comentado, a música ajuda a equilibrar as energias, desenvolve a criatividade, a memória, a concentração, auto-disciplina, socialização, além de contribuir para a higiene mental, reduzindo a ansiedade e promovendo vínculos (BARRETO e SILVA, 2004).
Gregori (1997) explica que harmonia, em música, é uma combinação de sons simultâneos que acompanha a melodia e é construída de acordo com o gosto do compositor. No cotidiano, inclusive na escola, também se deve buscar harmonizar a síntese dialética corpo/ mente, pois esta tembém deve propiciar uma maior tomada de conhecimento da consciência corporal, promovendo o equilíbrio do ser e contribuindo para sua integração com o meio onde vive, e a música pode contribuir para isto segundo os avanços das neurociências.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se através deste estudo que as diversas áreas do conhecimento podem ser estimuladas com a prática da musicalização. De acordo com esta perspectiva, a música é concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, idéias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive. Ao atender diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual, a música pode ser considerada um agente facilitador do processo educacional. Nesse sentido faz-se necessária a sensibilização dos educadores para despertar a conscientização quanto às possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento das potencialidades dos alunos, pois ela fala diretamente ao corpo, à mente e às emoções.
A presença da música na educação auxilia a percepção, estimula a memória e a inteligência, relacionando-se ainda com habilidades lingüísticas e lógico-matemáticas ao desenvolver procedimentos que ajudam o educando a se reconhecer e a se orientar melhor no mundo. Além disso, a música também vem sendo utilizada como fator de bem estar no trabalho e em diversas atividades terapêuticas, como elemento auxiliar na manutenção e recuperação da saúde.
As atividades de musicalização também favorecem a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. Pelo seu caráter lúdico e de livre expressão, não apresentam pressões nem cobranças de resultados, são uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliando na desinibição, contribuindo para o envolvimento social, despertando noções de respeito e consideração pelo outro, e abrindo espaço para outras aprendizagens.
6. REFERÊNCIAS
BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000.
BARRETO, Sidirley de Jesus; SILVA, Carlos Alberto da. Contato: Sentir os sentidos e a alma: saúde e lazer para o dia-a dia. Blumenau: Acadêmica, 2004.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee . Ensino e Aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988.
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GREGORI, Maria Lúcia P. Música e Yoga Transformando sua Vida. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
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